Francisco e a Vocação



Não faltam preces, campanhas, fôlderes, testemunhos, tríduos, ocasiões celebrativas e modelos vivos quando o assunto é vocação. O que falta é vocação. Será que faltam vocações para os estados de vida ou as vocações se reinventam? Não podemos falar de crise vocacional quando aumenta a vocação laical. Há pouca procura para a vida religiosa e sacerdotal, mas muita procura para novas formas de vida e de aliança. Perguntei de modo fictício a São Francisco sobre Vocações, e ele respondeu assim de um modo não tanto fantasioso, mas real:

“Vocação, meu confrade, é a cada momento escutar e procurar entender o poder do Amor de Deus em minha vida e escutar a sua convocação. Ele fala pedindo que eu construa uma casa para guardar a inspiração; e daí sair para o mundo levando a inspiração. Vocação é construir e reconstruir em mim e no mundo um lugar sagrado, e então transformar a minha vida, as pessoas e o mundo. Vocação é escutar que o Senhor me quer vivendo contemplativamente, e agindo profeticamente. “Francisco, vai! Restaura a minha casa!” Escutei isso, abracei o Amor em forma de Cruz e calejei as mãos. Vocação é entender o desejo de Deus sobre mim. “Senhor, que queres que eu faça!” Entrar no mistério e na verdade da voz que me chama é uma intimidade muito especial. Vocação é entrar no coração de Deus e sair daí com a mente e as mãos  cheias de motivações e práticas. É encontrar o jeito de Deus agir através de mim, isto é Carisma.

Vocês não estão apaixonados pelo Carisma. Ordens, Congregações e Institutos não precisam de vocações, mas seus Carismas sim! E como precisam! Recuperem o Amor ao Carisma e à Vida Fraterna que as vocações vão surgir. Perguntem se a Vida Fraterna que vocês estão vivendo merece vocações. Eu penso que não. Vocês não tem crise de vocações, mas crise fraterna.  Eu amei a inspiração e os primeiros que vieram, Bernardo, Pedro, Silvestre, Clara. Nós amamos o Evangelho e nasceu o Carisma. Apaixonamos pelo Carisma e criamos uma bela convivência! E por causa desta paixão, depois vieram Tomás, Antônio, Inês, Beatriz, Luquésio, Buonadona...Tantos com tanto Amor!”

FREI VITÓRIO MAZZUCO

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