Francisco fez de galhos violinos para tocar e dançar



É da tradição legendária franciscana que Francisco ajuntou dois pedaços de pau e tocou violino na estrada (cf.1Cel 127). O Jogral de Deus tocou, cantou e dançou muitas vezes, nas florestas, montanhas, praças e becos de Assis, e onde possa chegar nosso imaginário. Compôs o Cântico das Criaturas e pediu que cantassem na hora derradeira de sua existência, um bailarino dançando e cantando sobre a morte. Se hoje, nós sedentários, decidimos a vida sentados sobre executivas cadeiras, o jeito franciscano nos convoca e provoca: Curta a música! Dance! Dance com mais frequência! Será que dá para confiar em coisas que só decidimos estagnados em nossos burocráticos ofícios? É preciso dançar os pensamentos e as práticas. Dar passos ritmados revitaliza, impulsiona, mexe, sacode, leva a entrar numa ação real.

Sair, caminhar, viajar, desinstalar-se ajuda a por em prática movimentos que fazemos e que conquistamos. A vida é muito dinâmica e não está engessada entre tantos compromissos que nos enlouquecem. Dançar ao som da música é para ser feito com ritmo, lentamente, sem pressa, mas como um exercício constante. Vamos aprender a dançar grandes mudanças. Megaprojetos podem começar ao ritmo sereno de uma Dança Circular. A vida é pesada demais por causa do peso do dever. Vamos dançar na ciranda das responsabilidades com mais leveza. Podemos encontrar a vida numa apresentação com modo celebrativo do Zé Vicente!

Muita gente tem gestos tímidos para dançar! Solte-se! Os passos são seus e podem achar o ritmo do diferente. Mudanças acontecem meio desajeitadas, incomodando e errando até acertar. O bonito da dança é perseverar até esquecer o que prende ao chão e ouvir apenas a melodia. Dançar e cantar transforma a vida. É exercício de imaginação, de criatividade. E escolha com quem você quer dançar. Tem gente esperando o convite. Quando Francisco não encontrou ninguém, não teve dúvida, tocou e dançou com dois galhos feitos violino! (CA 38,3; 2EP 93,3)

Frei Vitório Mazzuco, OFM

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