O ANO SANTO DA MISERICÓRDIA - Perspectivas Franciscanas - 5


De uma primeira leitura destes textos podemos pensar que não haja uma correspondência de fundo com o Ano Santo da Misericórdia. Porém, conseguimos ver neles os valores proclamados no Ano Santo. Vejamos alguns detalhes: Francisco, na sua juventude e mesmo já no maduro caminho de sua vida, ele é um peregrino. A Legenda dos Três Companheiros diz: “Ele andou não muitos dias depois disto a Roma (LTC 3,10) e em 2Cel: "Por isto, uma vez, tendo andado a Roma em peregrinação”; e na LM 1,6: “Tendo pois, naquele tempo, visitado com grande devoção a Igreja de São Pedro, em Roma”. Se olharmos bem os textos maiores que citamos acima, vemos as características bem nítidas da peregrinação: veneração da memória apostólica, estar numa basílica, fazer ofertas, dar esmolas, emoções interiores, impulsos, entusiasmo e testemunho evidente. A ligação com a Cátedra de Pedro está implícita na peregrinação medieval e na veneração dos túmulos dos apóstolos. É um senso de pertença, de unidade, de comunhão com a Igreja de Roma, é a Romaria; mesmo que a eclesiologia da época não empolgasse muito, pois estava mais preocupada com reinos e reis, Cruzadas e poder. Mas se há unidade com a Igreja a eclesiologia tem que mudar.  Esta atitude de Francisco de ir à Roma tem uma relação de contraste com os Movimentos Penitenciais de então. Alguns ao lado da Cúria Romana, outros nem tanto; pois havia uma contestação dos movimentos considerados heréticos, que eram anticlericais e anti-eclesiais na sua rebeldia e na oposição. Francisco vai à Roma e não abre mão da Igreja.

Não podemos esquecer os elementos fortes de uma piedade popular que estava na peregrinação: a grande devoção e religiosidade, a prece constante, o silêncio contemplativo e as vestes despojadas. Em Francisco podemos considerar peregrinação o seu projeto de chegar um dia a Santiago de Compostella, ao Monte Gargano, e à Terra Santa.

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