ANO DA VIDA RELIGIOSA CONSAGRADA - Alguns Apontamentos - XIII



62. Ninguém pode dizer que o Carisma específico de sua Ordem, Congregação ou Instituto tem um grau de perfeição melhor que os outros, mas sim que o grau de perfeição corresponde ao enamoramento que se tem pelo Carisma específico. É preciso lançar-se no exercício heroico de abraçar o Carisma no cumprimento fiel do dever que ele propõe. A partir daí, tudo se explica e se compreende, inclusive os Votos. Fazer os Votos não é um martírio físico, mas uma entrega moral e espiritual, um Amor vivido com radicalidade.

63. O Documento Lumen Gentium (32,39, 40 e 41) fala da unidade e pluriformidade. São ternos que se completam. Uma única busca de santidade vivida nos vários estados de vida. Uma encarnação existencial pluriforme. Por quê? A partir de identidade pessoal a pessoa escolhe um valor que responde à sua vocação. A santidade é uma, mas não é a mesma. Substancialmente pessoal e realisticamente encarnada. Em cada pessoa é única e diversa. Não existe vocação abstrata, mas existe uma vocação encarnada no grau de fidelidade pessoal e comunitária. O que distingue um religioso, uma religiosa de um leigo não é radicalismo da vivência da consagração, mas o contexto vital, a plataforma existencial do Carisma próprio que se abraçou. A perfeição e a santidade cristã podem e devem ser conquistadas na estrutura, na vida e nos meios que se escolheu para viver. É a dimensão pessoal, comunitária e apostólica da perfeição cristã. A Vida Religiosa Consagrada comporta uma dimensão comunitária porque isto faz parte da força do Amor que não sabe ser sozinho. O Amor leva à comunhão. A santidade e o caminho da perfeição não são vias percorridas egoisticamente, mas quanto mais convicção pessoal, mais necessariamente comunitária (Lumen Gentium, 9).  A Vida Religiosa Consagrada é uma modalidade expressiva da vocação à santidade. Os diversos estados de vida e os diversos Carismas não são modificações essenciais do Ser Cristão, mas sim formas concretas de realizar em cada pessoa a plenitude da Vocação Cristã. São apelos e respostas diversas que vêm de Deus e retornam para ele. É fazer a teologia da própria vida, cada dia, buscando o essencial. Não se conquista a Vida Religiosa Consagrada com estudos, mas sim com um comprometimento a este chamado.

64.  A compreensão e o amor à VRC não se esgotam. Repensar criativamente a VRC é sempre um ponto de partida. Viver o chamado com paixão e criatividade traz uma serenidade pessoal, uma alegria da entrega plena e voluntária ao Amor a Deus e à humanidade com toda a sua consequência.

Continua

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