A MÍSTICA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS - 13


A MÍSTICA DA UNIÃO CÓSMICA – O Cântico das Criaturas

A alma canta com uma espontaneidade, com o candor e o calor da língua materna. Esse canto parece quase um hino pagão. Não se fala de Cristo, nem do mistério Trinitário, nem do mundo sobrenatural, nem do Reino. As realidades materiais são evocadas e cantadas. Contudo, se olharmos bem, se olharmos mais profundamente as coisas materiais, além de serem coisas são a língua e o instrumento expressivos de uma experiência religiosa profunda acontecida no coração de São Francisco. Os elementos cósmicos são celebrados como símbolos do mundo interior. Não se trata  de um discurso poético-religioso sobre as coisas. As coisas aparecem como um invólucro de um discurso mais profundo. Essa leitura simbólica do hino nos faz penetrar na experiência religiosa de São Francisco. Não se trata de alegorizarmos os elementos. O sol fica sol, a lua fica lua, a água, água. Mas além de um valor objetivo possuem um valor simbólico. O Santo exprime através destes elementos o seu mundo interior.

É uma afirmação serena da fraternidade universal. Tudo é claro, luminoso e imediato.

3. Os elementos referidos por Francisco e pelos quais canta o Criador não são simplesmente elementos. Ele os qualifica, dá-lhes adjetivos que expressam a vivência interior que possuía. O sol é radiante e com grande esplendor. O fogo é radiante e robusto, forte e jucundo; água é humilde, preciosa e casta e assim por diante. Esses adjetivos qualificam os elementos. Mais que os elementos qualificam a alma. Nem sempre é verdade que o sol é radiante e de grande esplendor. Ele pode queimar e matar as plantações. Nem sempre a água é humilde, preciosa e casta. A água convulsa do oceano pode matar. A água poluída pode  contaminar. O fogo pode queimar e seus danos são irreparáveis.
Imagem: Cena do filme "Irmão Sol Irmã Lua" 
Continua

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