OS ÍCONES E AS IMAGENS - VI

A imagem sagrada compreende uma doutrina, uma disciplina espiritual. A imagem revela a continuidade da Encarnação. São os arquétipos eternos que permanecem no inconsciente. Deus em sua essência transcendente não pode ser representado, mas a natureza humana de Jesus, que ele recebeu de sua Mãe, é passível de representação figurativa.

A forma humana de Cristo está misteriosamente ligada à sua essência Divina.
O Verbo não é meramente a Palavra, ao mesmo tempo eterna e temporal de Deus; é, também, a sua Imagem. O Verbo reflete Deus em todos os níveis de manifestação. A Imagem representa a projeção última da descida do Verbo Divino à terra.

Tem um texto do Concílio de Nicéia (787 d. C) que diz: “O Verbo indefinível do Pai definiu-se a Si Mesmo, fazendo-se carne por Ti, ó Geradora de Deus. Reconduzindo a imagem de Deus manchada, à sua forma primordial, Ele infundiu-lhe Beleza Divina. Reconhecendo e confessando isto, nós imitamos em nossas obras e nossas palavras”.

Dionísio, o Areopagita (imagem ao lado), demonstra o princípio do simbolismo das imagens: “A tradição, assim como os oráculos divinos, oculta o que é inteligível sob o que é material, e o que está além de todos os seres, sob o véu desses mesmos seres, dá forma e figura ao que não tem forma nem figura, e através da variedade e da materialidade desses emblemas, torna múltiplo e composto o que é essencialmente único, simples e incorpóreo” (“Dos Nomes Divinos”– Obra de Dionísio, no século V).
Continua

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